Um ano depois que a COVID-19 apareceu, as repercussões em carreiras ainda estão se propagando em todo o mundo — e o desemprego ou subemprego continuam generalizados.
O expediente médio de trabalho caiu 17,3 por cento, ou o equivalente a 495 milhões de cargos em tempo integral, no segundo trimestre de 2020, em comparação com 2019, de acordo com uma análise de setembro da Organização Internacional do Trabalho. Algumas regiões estão se recuperando: a Ásia-Pacífico, por exemplo, teve uma perda de empregos no segundo trimestre de 15,2 por cento, em comparação com 28 por cento (equivalente a 105 milhões de empregos em tempo integral) na América do Norte e América Latina.
Mesmo assim, os profissionais de projeto não precisam se desesperar. Enquanto alguns setores e organizações certamente estão tendo dificuldades, outros estão bastante ocupados com a atividade impulsionada pela pandemia, desde o reequilíbrio de portfólios até o lançamento de grandes projetos relacionados à saúde, logística, ensino on-line e varejo. Na pesquisa global do ManpowerGroup, as perspectivas de contratação melhoraram em 37 países nos últimos meses de 2020, e enfraqueceram em apenas cinco.
E os executivos do alto escalão estão notavelmente otimistas sobre o que está por vir: mais de dois terços (67 por cento) dos CEOs entrevistados em meados de 2020 disseram que estão mais confiantes sobre as perspectivas de crescimento de sua empresa nos próximos três anos do que no início de 2020, de acordo com a pesquisa anual de CEOs da KPMG. O que está lhes tirando o sono? Encontrar o talento certo Em 2019, o risco de talentos ficou próximo ao último lugar nas preocupações dos CEOs: apenas 2 por cento deles consideravam-no a maior ameaça para suas empresas. Em meados de 2020, encontrar talentos liderava a lista de risco para 21% dos CEOs, chegando ao primeiro lugar geral.
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Diante da fadiga e da incerteza alimentadas por vírus, a confiança dos executivos sobre o futuro e o medo relacionado à falta de talentos são uma fresta de esperança para os profissionais de projeto que procuram turbinar suas carreiras em 2021. Veja como os líderes de projeto podem buscar oportunidades em regiões do mundo todo.
Oriente Médio
Perspectiva: o impacto da COVID-19 foi exacerbado pelo colapso do preço do petróleo, causando estragos financeiros em toda a região. Essa instabilidade aumentou a distância entre os mais ricos e os mais pobres da região, que já é uma das mais desiguais do mundo, segundo a Oxfam International.
Os países sem um sistema de bem-estar social abrangente, como a Síria, enfrentaram uma situação pior, assim como os países mais pobres nos quais as pessoas não podem trabalhar em casa e nem todas têm contas bancárias para poderem usar o comércio eletrônico. Essa não é um boa perspectiva para o futuro próximo. Prevendo que os preços do petróleo permanecerão deprimidos, o Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que a economia do Oriente Médio e da Ásia Central se contraia 4,1 por cento em 2021.
Mesmo nos países mais ricos, “ainda há um alto nível de incerteza quanto ao que acontecerá a seguir ou quando isso terminará”, disse Wafi Mohtaseb, chefe de suporte a aplicativos, Kuwait Finance House, Kuwait City, Kuwait. “O mercado de trabalho está instável e muitas demissões ocorreram principalmente nos setores de varejo, companhias aéreas e turismo”.
A oportunidade: Os riscos persistentes da COVID-19 e a demanda anêmica por petróleo aumentam a necessidade da região em diversificar sua economia, uma meta generalizada que só vai passar do sonho à realidade com o portfólio certo de projetos.
Quando se trata de prever novas áreas de crescimento econômico, “a pandemia aumenta a importância da inovação e de P&D”, disse Nahlah Alyamani, PMI-RMP, PMP, PgMP, líder de planejamento para o hub oriental, Health Holding Co., Riade, Arábia Saudita. Como a própria região, a volta ao normal não deve ser o objetivo da maioria das organizações. Em vez disso, eles devem tentar (e estão tentando) se apoiar em novas tecnologias, reformular processos padrão e repensar os negócios tradicionais. Ela percebeu que a pandemia “também promoveu o conceito ágil e mostrou a importância de se adaptar a qualquer situação”.
— Nahlah Alyamani, PMI-RMP, PMP, PgMP, Health Holding Company, Riade, Arábia Saudita
Um problema antigo
O Oriente Médio e o Norte da África estão repletos de trabalhadores jovens, com 60 por cento da população com menos de 30 anos. Porém, mesmo antes da COVID, a região já lutava com um problema de desemprego há muito entranhado justamente entre os mais jovens, de acordo com a Brookings Institution. A pandemia não fez ajudou em nada. Em 2020, mais de 26 por cento dos jovens trabalhadores estavam desempregados, de acordo com o Banco Mundial. E os trabalhadores com menos de 25 anos têm três vezes mais probabilidade de ficar desempregados do que outros adultos.
As probabilidades podem estar contra os jovens profissionais de projeto que procuram um primeiro emprego, mas as táticas certas podem ajudá-los a superar os obstáculos. Em uma análise de outubro, o Fórum Econômico Mundial recomendou três etapas possíveis para aumentar as chances de emprego no momento atual: ganhar proficiência no idioma inglês, adquirir know-how digital e procurar oportunidades de praticar habilidades interpessoais, como resolução produtiva de conflitos e inteligência emocional com equipes.
A Edraak, uma plataforma regional para cursos on-line abertos, recentemente fez uma parceria com a Crescent Petroleum em um projeto para desenvolver uma série de cursos on-line abertos e gratuitos de preparação para a carreira. A equipe espera alcançar e aumentar as habilidades de empregabilidade de 500.000 jovens trabalhadores em todo o Oriente Médio.
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Estados Unidos
Perspectiva: Os Estados Unidos registraram a pior contração econômica de sua história durante o segundo trimestre de 2020, uma vez que as folhas de pagamento não agrícolas — que respondem por 80 por cento dos trabalhadores na economia — caíram quase 21 milhões em abril. Mas, no final do ano, os dados indicavam uma esperança: as contratações durante o mês de outubro ultrapassaram as de setembro em 15,5%, de acordo com o Relatório de Força de Trabalho de novembro do LinkedIn. Ainda estão 5,8% menores do que as de outubro de 2019, mas é um motivo de comemoração para quem está no mercado de trabalho.
Mas o caminho à frente para o mercado de trabalho dos Estados Unidos é tenebroso. “Sem o estímulo fiscal e proteção adequados contra o vírus, os empregadores e os consumidores não serão capazes continuar avançando e, portanto, a recessão se aprofundará”, disse Erica Groshen, PhD, consultora econômica sênior da Cornell University, Nova York, Nova York, EUA.
As oportunidades de emprego são mais difíceis de encontrar em setores como o de lazer e viagens (queda de 41 por cento em outubro em comparação com o ano anterior, de acordo com o LinkedIn), artes (queda de 32 por cento), energia e mineração (queda de 32 por cento), jurídico (queda 18 por cento), hardware e redes (queda de 14 por cento) e entretenimento (queda de 13 por cento).
“Mas, à medida que a pandemia persiste, estamos começando a ver as demissões pararem nessas indústrias”, disse John Challenger, CEO da empresa de recolocação Challenger, Gray & Christmas, Chicago, Illinois, EUA.
“Sem estímulo fiscal adequado e proteção contra o vírus (...) a recessão se aprofundará”.
— Erica Groshen, PhD, Cornell University, Nova York, Nova York, EUA
Os planos de expansão foram amplamente abandonados até que as empresas possam emergir da névoa da incerteza e definir com mais clareza as mudanças estruturais de longo prazo que ocorrerão como resultado da pandemia, disse Erica. As empresas segurarão o dinheiro e atrasarão o investimento em P&D e projetos de melhoria que demandem capital até que possam recuperar a certeza sobre cenário competitivo e comportamento do consumidor.
A oportunidade: Manufatura, transporte e logística, construção, varejo e imóveis tiveram a maior recuperação nas posições abertas desde que atingiram as mínimas em abril de 2020, de acordo com o LinkedIn. E, embora o varejo físico possa estar em dificuldades, as empresas que vendem bens e serviços estão fortalecendo sua infraestrutura e ofertas on-line em resposta à mudança em massa no comportamento do consumidor, disse John. Essas organizações precisarão de talentos em projetos com experiência digital para avançar.
A atividade de projetos — e a necessidade de gerentes de projeto — vai além desses campos. Quando a pandemia atacou pela primeira vez, os setores que podiam fazer a transição para o trabalho remoto (na maioria cargos de colarinho branco) implementaram imediatamente políticas de trabalho em casa, que se tornaram um esquema de longo prazo para muitos. Em meados do ano, três quartos dos profissionais, incluindo gerentes de projeto, ainda estavam trabalhando remotamente, disse John.
Embora os CEOs na América do Norte sejam os menos propensos a considerar locais de trabalho de baixa densidade como uma mudança duradoura (até 20 pontos percentuais a menos do que os CEOs na América Latina, por exemplo), quase metade acredita que a tendência será permanente, de acordo com a PwC. Para este ano, a aceitação abrupta, mas persistente, das ferramentas de colaboração digital e de trabalho remoto continuará, prevê a McKinsey, o que significa um grande apetite para que os líderes de projeto conduzam tudo de maneira eficaz, desde o desenvolvimento de ferramentas analíticas até iniciativas de mudança em equipes dispersas.
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Estados Unidos: Geo-targeting
A localização é importante, não apenas para a quantidade de cargos disponíveis, mas também em quais setores eles estão. Das 100 maiores áreas metropolitanas dos EUA, Rochester, em Nova York, ficou em primeiro lugar em perspectivas de empregos, de acordo com o ManpowerGroup, com 29 por cento das organizações sinalizando a intenção de expandir o quadro de funcionários nos últimos três meses de 2020. No outro extremo da lista, Los Angeles, Califórnia; New Haven, Connecticut; e Miami, Flórida, todos, ficaram no negativo em termos de intenção geral de contratação. Aqui estão os setores com o maior aumento ajustado sazonalmente na intenção de contratação por região dos EUA.
Canadá: Margem proativa
Em comparação com seu vizinho do sul, o Canadá foi aplaudido por conter melhor o vírus e por um estímulo federal mais agressivo, que preparou o país para uma recuperação mais rápida dos empregos. Ainda assim, a pandemia está afetando os contracheques: uma pesquisa do Conference Board of Canada descobriu que o aumento médio de salário para funcionários não sindicalizados será de apenas 2,1 por cento este ano.
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América Latina
Perspectiva: Uma das últimas regiões a serem atingidas pela pandemia provavelmente também será uma das últimas a se livrarem dela, de acordo com a S&P Global. A América Latina sofreu um golpe particularmente duro, já que o Brasil teve o maior número de mortes no mundo no final do ano, depois dos Estados Unidos. A pandemia irá exacerbar a desigualdade de renda já extrema em toda a região e pode empurrar cerca de 45 milhões de pessoas a mais para a pobreza até o final de 2020, de acordo com um relatório de julho das Nações Unidas.
Mulheres e trabalhadores mais jovens têm maior probabilidade de sofrer o efeito explosivo da maior retração de empregos na região em 100 anos, de acordo com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, e a Organização Internacional do Trabalho da ONU. O relatório revela que há menos empregos em nível de entrada, bem como menos contratações feitas após períodos de experiência e menos renovações de contratos temporários.
Notavelmente, porém, o ônus da COVID-19 tem variado amplamente entre os países latino-americanos. As operações de financiamento de projetos na América Latina totalizaram apenas US$ 6,4 bilhões no primeiro semestre de 2020, uma queda de cerca de 80 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com uma análise do BNamericas. Mas quase US$ 4 bilhões desses financiamentos de projeto, por exemplo, originaram-se apenas no Brasil. E certas áreas podem se recuperar mais rapidamente. A S&P prevê que o Chile retornará ao crescimento de 5,5 por cento em 2021, graças a um grande pacote de estímulo fiscal e à recuperação da demanda chinesa por metais. Da mesma forma, a agência espera que o Peru se recupere rapidamente, crescendo 10,5 por cento em 2021 pelos mesmos motivos.
A oportunidade: Em toda a região, os gerentes de projeto e outros profissionais executivos em funções capacitadas por tecnologia continuam a trabalhar em casa, enquanto as empresas repensam a necessidade de manter ambientes de escritório tradicionais, disse Gustavo Pastrana, PMP, gerente sênior global de software de banking, Diebold Nixdorf, Cidade do México, México. Um histórico comprovado de gerenciamento de equipes virtuais, liderança de transformações digitais ou gerenciamento de mudanças pode destacar os candidatos em um pool de talentos repleto de outras habilidades.
Ainda assim, a COVID-19 levou a um aperto de cinto generalizado. E os gerentes de projeto que atuam como autônomos ou trabalham com empresas por meio de firmas externas podem considerar o mercado insuficiente no próximo ano. “As empresas de serviços profissionais demitiram porque os clientes que normalmente procuram esses serviços estão limitando seus orçamentos para sobreviver”, disse Gustavo.
Mas as empresas não podem prosperar apenas apertando o cinto. Para voltar à forma, algumas organizações estão investindo estrategicamente em transformações digitais ao mesmo tempo em que eliminam toda a gordura de seus custos operacionais, afirma Nelson José Rosamilha, chefe de gerenciamento de projetos da Ericsson, São Paulo, Brasil. "Eles vão receber esses benefícios no próximo ano", disse ele.
Destaque triplo
BRASIL
MAIOR E MELHOR
As intenções de contratação aumentaram 11 pontos percentuais nos últimos meses de 2020, em comparação com o terceiro trimestre, com o aumento mais forte em finanças, seguros e imóveis. Mas isso ainda deixa a perspectiva geral de empregos com 3 pontos negativos, de acordo com o ManpowerGroup. Organizações maiores continuam mais propensas a contratar, mostra a pesquisa. Em novembro, a Amazon completou sua maior expansão no Brasil, um projeto que criou três novos centros de distribuição imensos no país.
ARGENTINA
BANKING EM FINTECH
Quase metade dos latino-americanos não tem contas bancárias e as empresas de fintech estão correndo para preencher essa lacuna. O mercado de pagamentos móveis da região deve atingir US$ 303 bilhões até 2025, diante de US$ 50 bilhões em 2016, de acordo com a empresa de mercado PayNXT360. E a Argentina está no centro da florescente cena fintech, com o maior jogador, o MercadoLibre, estabelecido em Buenos Aires. As transações na plataforma mais do que dobraram no segundo trimestre de 2020, de acordo com a Reuters, e os executivos sinalizaram uma expansão contínua à frente.
— Gustavo Pastrana, PMP, Diebold Nixdorf, Cidade do México, México
PERU
HABILIDADES EM ASCENSÃO
O Peru é um destaque global em termos de funcionários que consideram que poderiam aprender habilidades no trabalho que os ajudariam a preparar suas carreiras para o futuro. Oitenta e quatro por cento dos peruanos se sentiam pelo menos um pouco confiantes nas oportunidades de desenvolvimento de habilidades, de acordo com um relatório de outubro do Fórum Econômico Mundial. A taxa de confiança global é de 67 por cento e o Peru perde apenas para a Espanha (com 86 por cento).
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Ásia Pacífico
Perspectiva: No Vietnã, Singapura e grande parte do Leste Asiático, o número de mortos pela COVID-19 permaneceu consistentemente mais baixo do que nos países ocidentais. Apesar de uma resposta proativa, os setores de varejo, hospitalidade e turismo foram dizimados pelo colapso quase total das viagens globais e permanecerão deprimidos até 2021. Por sua vez, os projetos relacionados a ciência, tecnologia e saúde estão indo bem, disse Alice Chow, diretora de serviços de consultoria do Leste Asiático, na gigante de engenharia de construção Arup, em Hong Kong, China. Os gerentes de projeto com experiência nestes setores terão mais facilidade para encontrar uma nova posição do que profissionais de outros segmentos ou que sejam novos no mercado de trabalho.
A oportunidade: As organizações focadas em projetos estarão “mais em busca de serviços do tipo de valor agregado” no futuro, incluindo consultoria estratégica em relação às tendências do setor e motivadores de negócios, disse Alice. “As capacidades de um gerente de projeto típico, como economizar custos, não são suficientes. É preciso estar pronto para ser um mestre em projetos, não apenas um gerente de projetos”.
Visão de negócios, habilidades estratégicas, know-how do setor e capacidade de identificar novas tendências podem fazer um candidato se destacar na multidão, e é importante mostrar essas habilidades de valor agregado durante o processo de seleção.
— Alice Chow, Arup, Hong Kong
Austrália: De cabeça para baixo
Na Austrália, que teve uma das respostas de estímulo governamental mais fortes do mundo à pandemia (no valor de AU$ 259 bilhões, ou mais de 13 por cento do PIB do país, em meados de 2020) amorteceu o golpe na carreira que os líderes do projeto podem ter sentido em outros lugares. O governo agora voltou sua atenção aos esforços para acelerar a recuperação do emprego, incluindo o fornecimento de até AU$ 200 por semana para empresas que contratem jovens trabalhadores afetados pela recessão da COVID-19.
Essa resposta resultou em um grande aumento nas oportunidades de gerenciamento de projetos em todo o setor governamental, bem como nos serviços de defesa nacional, educação e saúde, afirmou Peter Moutsatsos, PMP, diretor de projetos, Telstra, Melbourne, Austrália. “Muitos profissionais de projeto também encontraram novas funções na logística/cadeia de suprimento, biomédica e biotécnica, telecomunicações, mineração, tecnologia financeira e indústrias de varejo on-line”, ajudando essas empresas a se ajustarem às rápidas mudanças no comportamento do consumidor. No entanto, as medidas de estímulo estão programadas para terminar por volta de março de 2021.
“À medida que as condições se estabelecem, a confiança para investir retorna e a clareza no estímulo do governo torna-se mais transparente”, disse Peter. “Então, esperamos ver um grande número de projetos relacionados à pandemia em todos os setores entrarem no pipeline muito rapidamente”.
— Peter Moutsatsos, Telstra, Melbourne, Austrália
China
Perspectiva: A segunda maior economia do mundo é a única grande economia com previsão de crescimento em 2020, de acordo com o Fundo Monetário Internacional, já que grande parte do país conteve a propagação do vírus por meio de lockdowns extremos e voltou à atividade normal com relativa rapidez. Espera-se que a economia da China cresça 1,9% em 2020 e impressionantes 8,2% em 2021.
Apesar desse otimismo, uma atmosfera contínua de populismo, nacionalismo e protecionismo pode isolar a China e limitar seu comércio e crescimento, de acordo com o Conselho Consultivo Global da PIMCO. No longo prazo, isso pode desacelerar um pouco a velocidade dos portfólios organizacionais. Existe um outro ponto de interrogação em torno da implementação pelo governo de um novo modelo econômico de “dupla circulação”. A mudança visa reduzir a dependência da economia de exportações e tecnologia estrangeira, ao mesmo tempo em que fortalece suas próprias cadeias de suprimento e transforma o mercado interno no principal motor de crescimento do país.
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A oportunidade: “Até agora, o mercado de trabalho da China como um todo basicamente voltou ao normal”, disse Frank Fu, PMP, fundador e presidente da Shanghai Changeway Management Consulting Co., Xangai, China. Cidades de Wuhan (onde a COVID-19 foi relatada pela primeira vez) a Beijing, Xangai e Shenzhen trouxeram os trabalhadores de volta aos escritórios com políticas rígidas de uso de máscara, medição de temperatura e verificação de código QR para controle de localização através de smartphones para fins de rastreamento de contato.
Os gerentes de projeto em busca de novas oportunidades devem focar em setores como suprimentos médicos e equipamentos de teste, que dispararam em resposta à COVID-19, e continuarão com forte crescimento em 2021. Seguros, teletrabalho e educação on-line também são promissores, disse Frank. “Em particular, a pandemia forçou as empresas a aumentarem seus investimentos em P&D de produtos, e isso cria novas oportunidades para profissionais de projeto”.
— Frank Fu, PMP, Shanghai Changeway Management Consulting Co., Xangai, China
Alguns setores, porém, estão com contratações estagnadas, incluindo bens de consumo e manufatura, de acordo com um relatório de outubro do Centro para a China e Globalização e LinkedIn China. E, em geral, os gerentes de projeto mais novos podem ter mais dificuldade em conseguir o primeiro emprego. O relatório constatou que os recém-formados estão tendo dificuldades em comparação com os formados no ano passado. Ainda assim, quem estuda no exterior e depois retorna à China para trabalhar parece estar tendo mais facilidade para ser contratado, com Huawei, Tencent e Microsoft sendo as três primeiras escolhas.
Setores em destaque
CONSTRUÇÃO
Os líderes do governo da China aceleraram os principais projetos de infraestrutura durante a pandemia para ajudar a compensar o impacto econômico da COVID-19, com 89 por cento retomados em meados de março de 2020. A mudança é uma boa notícia para gerentes de projeto com experiência em construção. Prevê-se que o setor cresça 4,7 por cento ao ano entre 2021 e 2024. E o instituto de estudos apoiado pelo governo, China Electronic Information Industry Development, espera que a China gaste CNY 10 trilhões em novos projetos de infraestrutura entre 2020 e 2025.
FINANÇAS
Independentemente de como os dados sejam fatiados — em comparação com os números de meados de 2020, com os números pré-pandemia ou lado a lado com outros setores —, as intenções de contratação estão fortes em finanças, seguros e imóveis. O ManpowerGroup projeta um aumento no plano de contratação de 6 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
NUVEM E DATACENTERS
A China é o segundo maior mercado mundial de computação em nuvem e armazena cerca de um quinto dos dados mundiais, de acordo com a Brookings Institution. A pandemia encorajou o comércio eletrônico em vez das vendas no varejo em lojas físicas, e levou mais equipes a trabalharem remotamente, e isso exigiu mais computação em nuvem e armazenamento de dados. O resultado é ainda mais demanda pela criação e manutenção desses serviços, e na contratação de trabalhadores para fazê-lo.
Índia
Perspectiva: Enquanto os desafios relacionados à pandemia, como decretos de isolamento social, aumentaram a taxa de desemprego da Índia para um recorde de 27 por cento em maio de 2020, os especialistas preveem uma forte recuperação em 2021, à medida que a economia digital crescente do país aumenta as oportunidades de emprego. O FMI espera que a expansão econômica da Índia atinja 8,8 por cento este ano.
A pandemia chegou poucos anos depois que o governo lançou um ambicioso plano de transformação digital, com o objetivo de dar a cada adulto um número de identidade que pode ser vinculado a um número de telefone celular para permitir transações on-line sem dinheiro. Em 2020, esse plano resultou em esforços ambiciosos por parte dos varejistas para expandir a infraestrutura e serviços digitais e omnicanal.
“As indústrias começaram a se inclinar para a inovação e pesquisa para resolver preocupações relacionadas à nova norma de conviver com a pandemia”.
— Duraideivamani Sankararajan, IBM, Bengaluru, Índia
Na verdade, a transformação digital está chegando a todos os cantos da Índia, e a McKinsey indicou o país como a segunda economia de digitalização mais rápida do mundo, e estimou que os aplicativos digitais podem conter 65 milhões de empregos até 2025. E essa sensação de oportunidades ilimitadas parece generalizada. A Índia ficou em primeiro lugar no Índice Global de Oportunidades do LinkedIn, que mostra as percepções dos candidatos a empregos sobre o mercado de trabalho e suas perspectivas de carreira.
A oportunidade: Impulsionados pela mudança de comportamento do consumo em massa após a pandemia, o varejo on-line e os serviços de entrega final terão um aumento contínuo em 2021. Seguros e saúde também manterão o crescimento orgânico da demanda.
“Os setores de serviços de TI inovaram rapidamente para oferecer serviços relacionados ao monitoramento e distanciamento sociais, enquanto todas as indústrias começaram a se voltar para a inovação e a pesquisa para lidar com as preocupações relacionadas à nova norma de conviver com a pandemia”, disse Duraideivamani, líder de engajamento com cliente e excelência de entrega na IBM, Bengaluru.
Ainda assim, a devastação causada pela COVID-19 deixará rastros duradouros. Apesar do esforço do governo em formalizar a economia, “empregos informais, que ainda absorvem uma boa maioria da população da Índia, foram afetados, pois a infraestrutura de transporte público e construção pararam de uma hora para outra”, disse Vidhya Abhijith, cofundador da Codewave Technologies, Bengaluru.
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A incerteza quanto ao emprego e a ansiedade financeira reduziram, no país, a demanda entre os consumidores por bens discricionários, o que por sua vez atrasa o investimento corporativo em projetos de capital e contratações, criando uma espiral descendente de redução de demanda e oferta, de acordo com a Deloitte Insights.
Em resposta a essa espiral, as grandes organizações permanecem cautelosas. No final do verão de 2020, a Accenture ganhou as manchetes com planos de demitir 25.000 funcionários, incluindo milhares na Índia. Ao mesmo tempo, organizações menores e mais ágeis estão bem posicionadas.
“Este é um período de mudança radical para as empresas, à medida que surgem novas definições de trabalho, agilidade e gerenciamento de projetos”, disse Vidhya. “As organizações estão adotando um ambiente de trabalho futuro que se parece com uma rede social próspera, com grupos menores de pessoas conectadas on-line e transformando as ideias em realidade”.
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Embora essas posições possam ser relativamente de nicho, são as vagas de emprego de crescimento mais rápido na Índia, com previsão para um aumento substancial em 2021 e além, de acordo com uma análise do LinkedIn.
1. Desenvolvedor de blockchain
2. Especialista em IA
3. Desenvolvedor em JavaScript
4. Consultor de automação de processos robóticos
5. Desenvolvedor de back-end
6. Gerente de crescimento
7. Engenheiro de confiabilidade de site
8. Especialista em sucesso do cliente
9. Engenheiro full stack
10. Engenheiro de robótica
Europa
Perspectiva: Em setembro, as taxas de contratação estavam quase no mesmo nível de antes da pandemia na Holanda, Itália e Irlanda, de acordo com o LinkedIn. E, na França, as contratações ultrapassaram os níveis anteriores a março. No entanto, uma segunda onda de casos de COVID-19 atingiu fortemente a Europa no final de 2020, gerando outra onda de restrições e extinguindo a esperança de um rápido retorno à normalidade do mercado de trabalho e do poder econômico.
Como em outras regiões, o sofrimento da economia na Europa variou, já que as nações desenvolvidas da Europa Ocidental se saíram melhor do que muitos vizinhos da Europa Central e Oriental. De acordo com uma pesquisa publicada no final de 2020 pelo Banco Europeu de Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) e o Instituto Ifo, 73 por cento dos entrevistados nas regiões do BERD dizem que foram pessoalmente afetados pela crise da COVID-19, em comparação com 41 por cento na Europa desenvolvida, onde os governos distribuíram pacotes de estímulo mais generosos.
No entanto, mesmo os países europeus ricos estão longe de ficar imunes às repercussões. Na Grã-Bretanha, a combinação de pandemia e o fracasso em garantir um acordo comercial pós-Brexit com a União Europeia pode custar ao Reino Unido US$ 174 bilhões por ano em PIB perdido durante uma década, de acordo com pesquisa do escritório de advocacia Baker McKenzie. E espera-se que esse ônus econômico resulte em cortes de empregos e oportunidades reduzidas.
A oportunidade: A automação e a migração estavam impactando o panorama da carreira mesmo antes do surgimento da COVID-19, mas a pandemia apenas acelerou essa tendência. Os empregos em setores com uso intensivo de conhecimento, como serviços financeiros e telecomunicações, tiveram um crescimento constante, particularmente no que os pesquisadores da McKinsey chamam de “centros de crescimento”: áreas metropolitanas como Londres, Paris e Amsterdã, que atraem candidatos de todo o continente.
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Embora as contratações possam não ter se recuperado totalmente, as oportunidades em setores de uso intensivos de conhecimento (pense: gerenciamento de projetos) ainda devem superar as da indústria e da agricultura. E embora os pesquisadores estimem que 22 por cento das atividades da força de trabalho possam ser automatizadas até 2030, as posições de maior risco de automação são atacado e varejo, manufatura e serviços de alimentação e acomodação.
Enquanto isso, os empregadores podem enfrentar uma batalha difícil para encontrar o talento de que precisam para preencher posições profissionais ainda muito vivas: a população em idade ativa da Europa deverá diminuir em 13,5 milhões (cerca de 4 por cento) até 2030. Alemanha, Itália e Polônia serão os mais atingidos, o que significa que os gerentes de projeto podem ter oportunidades ilimitadas.
Independentemente do país, porém, a pesquisa mostra que os europeus estão mudando uma parte significativa de suas compras de entretenimento e mantimentos para on-line, criando uma demanda para que as organizações supram as necessidades dos clientes.
“Percebi um grande pico de gerentes de projeto no espaço digital por causa da pandemia”, disse Luiz Andre Dias, PMP, PgMP, chefe de transformação de gerenciamento de portfólio, DWP Digital, Newcastle, Inglaterra. “Muitos projetos digitais foram acelerados e exigem um número maior de recursos”.
— Luiz Andre Dias, PMP, PgMP, DWP Digital, Newcastle, Inglaterra
Surto do setor
Espera-se que três setores sejam responsáveis por mais de 70 por cento do crescimento potencial de empregos na Europa até 2030, de acordo com a McKinsey.
Tenho passaporte, vou viajar
Para gerentes de projeto em busca de contratação, a mudança de cidade pode ser um primeiro passo inteligente. Quarenta e oito megacidades e centros têm contribuído com 35 por cento do crescimento do emprego na União Europeia, desde 2007, de acordo com a McKinsey. E se as tendências subjacentes de migração de mão de obra, mudança de habilidades e automação se mantiverem, essas mesmas cidades irão capturar mais de 50 por cento do crescimento de empregos até 2030. Por outro lado, a parcela de europeus que vive em regiões com mercados de trabalho em retração pode dobrar na próxima década, para cerca de 40 por cento. Mudar-se para um centro urbano pode significar lutar com mais candidatos, mas não há dúvida de que também pode significar um maior número de vagas a disputar.
África
Perspectiva: Embora o FMI elogie as autoridades africanas por agirem rapidamente para impulsionar suas economias após o surgimento da COVID-19, esses esforços foram frustrados pelo declínio das receitas e pelo poder econômico limitado. O FMI estima que o continente se recuperará, registrando um crescimento de 3,4 por cento em 2021, mas observa que precisará contar com a ajuda de parceiros de desenvolvimento para realizar uma verdadeira recuperação.
A oportunidade: As oportunidades de emprego em países africanos para profissionais qualificados foram severamente afetadas pela pandemia, disse Ernesto Spruyt, fundador da Tunga.io, uma empresa em Kampala, Uganda, que se dedica a fornecer empregos em tecnologia para jovens africanos. “Muitos planos de investimento foram engavetados e notamos que a decisão de seguir em frente no geral leva mais tempo e é estudada com muito mais rigor”, afirmou ele.
Mesmo em países com relativamente poucos casos de COVID-19 relatados, como a Tanzânia, a contratação de gerentes parece hesitante. Bulla Boma Hekeno, PMP, CEO da HEBO Consult em Dar es Salaam, Tanzânia, observou que a maioria das empresas, assim como o governo, não eliminou empregos e correu para implantar medidas de segurança adequadas nos locais de trabalho.
Ainda assim, a pandemia exigirá que as organizações se adaptem à nova realidade. “As estratégias iniciais das organizações tiveram que ser revistas para levar em conta a realidade do mercado, e alguns projetos de desenvolvimento tiveram que ser colocados em espera por tempo indeterminado”, disse ela.
— Bulla Boma Hekeno, PMP, HEBO Consult, Dar es Salaam, Tanzânia
A tensão entre gerenciar custos e forçar a adoção de inovação e crescimento pode ser difícil de navegar. “Há empresas que têm estratégias para os novos investimentos em inovação normais e relacionados”, disse Ernesto. “Mas também há empresas que tentam ficar de fora e esperar que as coisas voltem ao normal. Acho que estas não vão prevalecer no final”.
Recuperação regional
As consequências econômicas da pandemia são difíceis de prever, mas em outubro o Banco Mundial divulgou projeções para 2021, ressaltando que a recuperação da África quase certamente será desigual.
As perspectivas de crescimento para a África Oriental e Meridional são projetadas para 2,7 por cento, em média, este ano. Na África Ocidental e Central, o crescimento projetado é menos da metade disso: 1,3 por cento. Vale a pena notar, porém, que excluindo a Nigéria, as perspectivas aumentam para 3,0 por cento em 2021.
Destaque da África do Sul
Mais de 2,2 milhões de empregos foram perdidos durante o lockdown nacional da África do Sul, mas o índice da empresa de mercado CareerJunction mostra que a atividade de contratação de cargos profissionais aumentou em outubro. Os três setores com maior demanda no país: Serviços de TI, finanças e gerenciamento de negócios.
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