Por mais que ansiemos por um retorno aos tempos pré-pandêmicos, é ingênuo pensar que as velhas formas de trabalho um dia voltarão, até mesmo para o ágil. Da bolha da internet ao declínio do varejo tradicional, dos veículos elétricos ao aprendizado virtual, a ruptura continua vem se repetindo década após década, ano após ano.
A incerteza é a nova certeza, portanto, os líderes de projeto devem repensar a agilidade. Essas três dicas os ajudarão a se adaptar a um terreno de projeto em constante mudança:
1. TORNAR CONTINGÊNCIAS OBRIGATÓRIAS
Se aprendemos alguma coisa com essa pandemia, é que os planos de reserva de segurança são essenciais — e devem ser reavaliados constantemente. Uma coisa é usar o ágil como meio de se adaptar às mudanças. Mas, agora, adaptar os planos será para sempre uma expectativa de qualquer gerente de projeto, independentemente de estar usando abordagens ágeis formais.
Você precisará articular muito mais opções de contingência do que nunca. E se ficarmos sem fundos? E se nosso patrocinador executivo sair no meio do projeto? E se o mercado de ações quebrar? E se as tensões de justiça social se revelarem em nossas equipes? Isso significa mais do que apenas documentar cenários do juízo final em um registro de riscos — trata-se de incorporar contingências em sua abordagem, como: Gerentes de EGP adicionarem sprints de buffer às suas programações; proprietários de produtos indicarem proativamente um tomador de decisões substituto em caso de emergências; scrum masters buscarem orientação de diversidade de recursos humanos antes que o trabalho em equipe seja destruído silenciosamente. O líder do projeto que tem uma plano de contingência para um plano de contingência não é facilmente perturbado por mudanças.
2. FAÇA DA ENTREGA INCREMENTAL UMA EXPECTATIVA
O principal benefício da entrega ágil — completar um subconjunto estratégico do escopo, criar impulso imediato e obter feedback das partes interessadas para informar a próxima entrega — sempre ajudou a evitar os riscos de mudar as opiniões do cliente ou problemas de entrega no início do cronograma. Mas há outro bônus pós-pandemia: entregar um ROI mínimo, antes que tudo dê errado.
Se você estiver trabalhando em um novo painel de análise de clientes para executivos de vendas, seu termo de abertura pode exigir relatórios e insights elaborados. Ao dividir o projeto em uma série de recursos incrementais, você pode entregar algo mais cedo, caso a liderança mude a direção da estratégia.
Imagine se eu recebesse este e-mail: “Oi, Jesse. Precisamos realocar sua equipe de projeto para um esforço de marketing urgente. No entanto, estamos tão impressionados com a análise do seu protótipo, que gostaríamos que você liderasse uma nova iniciativa”. De repente, a entrega incremental passa de uma abordagem de risco do projeto para uma capacidade organizacional estratégica, o que, por sua vez, torna você e sua equipe mais valiosos.
3. FAÇA DA EMPATIA UMA RESPONSABILIDADE CENTRAL
Durante um lockdown, uma líder de escritório de gerenciamento de projetos me disse que foi criticada quando seu filho apareceu inesperadamente em uma chamada de videoconferência. Seu colega de trabalho justificou a crítica dizendo: “Não é profissional ter filhos atrapalhando nossas reuniões”.
Desnecessário dizer que isso deixou uma marca, e agora o dano no relacionamento diminuirá sua produtividade, alinhamento e trabalho em equipe. E se aquele colega de trabalho respondesse com uma frase simples e comum: “Não se preocupe. Entendo. Estamos juntos nisto.” Não seria melhor?
Empatia é uma habilidade poderosa que melhora os resultados organizacionais. Trata-se de pedir aos colegas que adotem o sentimento de que todo membro da equipe sofre perturbações em algum grau. Isso é especialmente necessário para o ágil, onde há uma oportunidade diária de oferecer gratidão e flexibilidade um ao outro. Isso pode ser apenas o suficiente para permitir que a pessoa passe bem o dia, concentre-se mentalmente em itens de ação e tarefas com a energia da confiança e lealdade, em vez da hesitação da culpa e da vergonha.
Tudo que vai, volta. Os líderes de projeto que investem no treinamento de empatia e formalizam acordos de trabalho de apoio formarão uma equipe que pode lidar melhor com a incerteza contínua.
Abraçar esses princípios não é mais um luxo para o ágil. Em uma economia de projetos pós-COVID, a aplicação dessas habilidades ajudará os líderes e suas equipes a manterem a resiliência enquanto navegam pela incerteza. PM
Jesse Fewell, CST, PMI-ACP, PMP, atuou na equipe de desenvolvimento de Um guia do conhecimento em gerenciamento de projetos (Guia PMBOK®) - Sétima edição e é autor do livro 2020 Untapped Agility (Agilidade inexplorada). Ele pode ser contatado em [email protected]. |