Beijing fará história no ano que vem ao se tornar a primeira cidade a sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de verão e inverno. Mas esse não é o único título que os líderes governamentais reivindicam: também querem organizar os Jogos Olímpicos de Inverno mais verdes em 2022.
As cidades-sede das Olimpíadas são criticadas há muito tempo por simplesmente defenderem a sustentabilidade da boca para fora. Uma análise acadêmica de 2021 na revista Nature Sustainability constatou que, apesar dos enormes avanços em tecnologia e conscientização das partes interessadas, na verdade a sustentabilidade dos Jogos diminuiu desde 1992.
Usando seu Plano de Sustentabilidade dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 2022 para orientar as decisões, o Comitê Organizador de Beijing promete inverter essa tendência, abordando a sustentabilidade de todos os ângulos. A ideia é criar um impacto ambiental positivo por meio de projetos de energia renovável, reflorestamento e proteção da vida selvagem, além de entregar novos empreendimentos que irão melhorar a vida das pessoas e trazer benefícios duradouros.
FOTO DE CORTESIA DO COMITÊ OLÍMPICO INTERNACIONAL
Gelo — sem impacto
O National Speed Skating Oval é apenas um dos dois novos locais permanentes planejados para o centro da cidade de Beijing. Também conhecida como “a faixa de gelo”, tem uma superfície interna de 12.000 metros quadrados, tornando-se a maior arena de patinação de velocidade na Ásia. Mas manter todo aquele gelo pode representar um gasto imenso de energia. Para cortar as emissões, uma equipe usará refrigerante de dióxido de carbono, em vez dos hidrofluorocarbonos usuais, na maioria das instalações olímpicas de gelo. Segundo os organizadores, a troca pode economizar o equivalente a 1,2 milhão de árvores.
ESTA PÁGINA, CANTO SUPERIOR ESQUERDO, FOTO DE LINTAO ZHANG/GETTY IMAGES. CANTO SUPERIOR DIREITO, FOTO DE N509FZ VIA WIKIPEDIA. AS FOTOS DA FILEIRA DO MEIO SÃO DE CORTESIA DO COI. FOTO INFERIOR: XINHUA/ALAMY STOCK.
Energia
As Olimpíadas de 2022 serão os primeiros Jogos a abastecer todas as suas instalações exclusivamente com fontes renováveis. Para fazer o trabalho, a China construiu a primeira rede elétrica CC flexível do mundo, capaz de economizar 49 milhões de toneladas de carvão padrão e 12,8 milhões de toneladas de emissões de dióxido de carbono. O China Daily anunciou que só este projeto gerou US$ 8,5 bilhões em investimentos em projetos de energia eólica e fotovoltaica.
Da usina siderúrgica ao domínio dos snowboarders
O Parque Industrial de Shougang é um antigo e enorme complexo siderúrgico realocado para fora da cidade na época dos Jogos de Beijing de 2008. Como parte do plano de regeneração urbana, uma torre de armazenamento de minério de ferro foi convertida para servir como sede do Comitê Organizador de 2022 desde 2017. E agora os altosfornos estão sendo transformados em centros de treinamento, enquanto os snowboarders voarão pelas rampas instaladas nas laterais das torres de resfriamento de 70 metros do local.
De volta aos trilhos — e bem rápido
Os eventos vão além de Beijing, e incluem os subúrbios de Yanqing e Zhangjiakou. Para aumentar o acesso ao transporte, os líderes do projeto transformaram uma linha ferroviária centenária. Os novos trens de alta velocidade autônomos são capazes de atingir 350 quilômetros por hora e possuem sensores para ajudar a prever problemas mecânicos ou de segurança. Os espectadores dos jogos serão incentivados a viajar de transporte público, mas o legado do projeto será fortalecer a economia regional e impulsionar o crescimento esperado do turismo.
Reduzir, reutilizar, reciclar
Para reduzir a infraestrutura desnecessária, Beijing está reaproveitando projetos de legado dos Jogos Olímpicos de 2008. O National Indoor Stadium, conhecido como Bird's Nest, sediará o hóquei no gelo, enquanto o National Aquatics Center, ou Water Cube, temporariamente se tornou o “Ice Cube”, com quatro pistas de curling construídas no topo de suas piscinas. Os organizadores também prometem que qualquer infraestrutura temporária será construída usando tecnologias ecológicas e eficientes em termos de energia, bem como materiais renováveis e recicláveis.
(Re)plantar para o futuro
Para liberar espaço para as instalações de Beijing 2022 sem derrubar nenhuma árvore, os líderes do projeto optaram por transplantar mais de 20.000 plantas (algumas delas protegidas) para as áreas periféricas do Parque da Floresta das Olimpíadas de Inverno. Trabalhando em estreita colaboração com a Universidade de Engenharia Florestal de Beijing, a equipe realizou uma pesquisa ecológica e um plano de viabilidade. Várias execuções de teste ajudaram a equipe a atingir uma taxa de sucesso de 90 por cento, e as árvores agora são marcadas com códigos QR individuais, para que qualquer transeunte possa aprender sobre o processo de transplante de cada árvore.