Já se passaram quase duas décadas desde que o Concorde fez seu voo final, mas ele ainda se destaca como um ícone da inovação da aviação: a primeira aeronave a realizar voos comerciais supersônicos. E apesar de os preços de passagem nas alturas, os alto consumo de combustível dos motores e um acidente mortal tenham se combinado para condenar o projeto da França e do Reino Unido, o apelo das viagens aéreas ultrarrápidas não desapareceu. Agora, a Boom Supersonic está usando US$ 270 milhões em financiamento para reimaginar o conceito de um jet set mais ecológico.
A empresa está prometendo que sua aeronave Overture, ainda em construção, voará a velocidades de Mach 1,7: o dobro da velocidade dos aviões comerciais mais rápidos de hoje. Porém, a Boom não pretende construir apenas o avião comercial mais rápido. A empresa também quer que seja o mais ecológico, e o Overture, ainda em desenvolvimento, deverá funcionar com combustível 100% sustentável e minimizar o ruído — uma grande reclamação do Concorde. A Boom também está trabalhando com a Rolls-Royce para explorar maneiras de incorporar a sustentabilidade nos sistemas de propulsão do Overture.
O primeiro voo de demonstração está programado para ofinal deste ano ou início do próximoano, com produção provisoriamente programada para 2023. Enquanto se aguardaa aprovação regulatória, os voos comerciaispodem começar já em 2029, mas, comooConcorde, o Overture não será barato.A Boom indica que as passagens custarãoUS$ 5.000 por assento.
IMAGEM DE CORTESIA DA BOOM SUPERSONIC
Os preços altos, especificações ambiciosas do projeto e prazos longos não diminuíram o interesse do cliente no projeto. A Japan Airlines é um parceiro estratégico desde 2017, e a Força Aérea dos EUA assinou em 2020. E, em junho, a United Airlines fechou um acordo para comprar 15 aviões de alta velocidade e neutros em carbono, com a opção de comprar mais 35, trazendo um renascimento dos supersônicos para muito mais próximo da realidade.
“Os que duvidam do Overture estão igualando todos os supersônicos ao Concorde — e presumindo que qualquer coisa rápida irá falhar pelos mesmos motivos”, postou no Twitter o CEO da Boom, Blake Scholl, em junho. “É como se tivéssemos parado de construir computadores depois da Univac, e depois alegado que não podemos ter smartphones porque os mainframes são grandes e caros”.